terça-feira, 23 de agosto de 2011

Amores e Pecados (um pouco de Nelson Rodrigues)

 Desculpe querida se eu sou normal demais.
Se odeio acordar cedo, e não gosto de café da manhã.
Se almoço lá pelas 15hrs, e como besteiras no jantar.
Passo a madrugada em claro.
Se não gosto de ver TV e acho novela a coisa mais
cara-de-paumente clichê escrita.
E quando falto a igreja nos domingos,
só vou quando não tem missas ou cultos,
e só rezo nos dias que acordo acreditando que Deus existe.
Penso que Ele só frequenta as igrejas vazias.
Lá estão os verdadeiros fiéis.
E perdoe-me por pensar e querer fazer sexo
com uma certa frequência.
Sei que isso não condiz com seu pensamento,
você acha isso uma coisa banal, além do que
um pecado sentir prazer carnal tamanho,
sem estar sacramentado em casamento.
Você que me julga muitas vezes um animal quando
tento inovar, e diz "Se você usasse essa criatividade para
algo que prestasse..."
Ah... o que seria da vida se não fossem os escrúpulos,
a falsa moral, e toda essas coisas que inibem a diversão?
'Se todos conhecessem a intimidade sexual uns dos outros,
ninguém cumprimentaria ninguém' (ou todos se falariam mais).
Mas confesso que esse seu jeito sério, muitas vezes tímida,
como diriam meus amigos : "santinha". Me enlouquece.
Quem diria afinal 'o pudor é a mais afrodisíaca das virtudes'.
Não diga que eu minto demasiadamente...
Por muitas vezes é você que faz muitas perguntas difíceis
nas piores horas possíveis.
Me irrita quando você mente que está com dor de cabeça...
E reclama que as vezes sou selvagem...
Ou a mulher é fria ou morde. Sem dentada não há paixão possível.
Pior seria eu reclamar de você bagunçar o meu cabelo...
Fico triste em ver muitas vezes os meus amigos se perdendo nas
suas próprias vaidades, um tal de 'metrosexualismo'.
Nunca a mulher foi menos amada do que em nossos dias.
E nunca antes  foi tão chato existir.
Você bebe uma cerveja no bar é alcóolatra, vagabundo...
Acende um cigarro é fumante e vai morrer de câncer...
Falar em sexo, é um tarado, pervertido.
Politicamente correto é o termo mais imbecíl já criado.
Onde já se viu politica correta? Nunca antes na história desse país...
Não repare que eu misture os tratamentos de tu e você,
não acredito em brasileiro sem erro de concordância.  
Vamos lá, deixe de lado os meu erros querida, ignore-os.
Ou confesse que os meus defeitos são minhas maiores virtudes.
Você diz que eu me acho, mal sabe que só me perco...

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Tempos Modernos

É o tempo passou... mudou muita coisa?
Meus heróis morreram de overdose
e meus inimigos ainda estão no poder.
Toda semana uma nova "sensação" na tv,
que já vendeu milhões de cópias e ganhou
disco de ouro, com uma musica que as pessoas
só sabem cantar o refrão automático quanto um jingle.
Um novo best-seller de auto-ajuda,
ou um livro para adolescentes em crise com
uma aventura mágica, uma garota que se sente
inferior, e um bonitão que despreza a beleza
superficial das outras garotas pra ficar com a
patinha feia.
Perdi alguma coisa?
Os mais velhos reclamando que os valores familiares estão
se perdendo e a juventude está perdida, ao mesmo tempo
em que lembram das vezes que fugiram de casa com o carro
do pai, ou namoraram escondidas da mãe.
E claro, os políticos que fazem parte disso mas assistem
á tudo como quem dá gargalhadas no circo.
Ainda somos os mesmo e vivemos como nossos pais?
Censuras, preconceitos, discriminações e outros vícios.
É tão difícil cada um cuidar da própia vida, ou não estar
nem aí se o Balta gosta de meninas, e o
Heitor curte fumar maconha nos fins de semana.
Eu ainda não vejo um novo começo de era...

Vou, Pra onde?

E eu achava que sabia o suficiente...
Incrível como não há nada mais alucinante e louco que viver.
Digo viver mesmo, conhecer o certo e o errado,
ou saber que são as consequências.
Alguns anos atrás implorava pra poder comprar um boneco novo,
hoje me vejo voltando da loja de conveniências com
uma carteira de cigarro no bolso.
Chorava por uma queda ralando o joelho no futebol da rua,
me vejo no espelho agora com marcas de arranhões nas costas,
causadas na noite anterior, do prazer de uma mulher,
namorada de um conhecido meu, a qual nem lembro o nome.
Como uma espécie de "Marvim", no 'auge' dos meus 19 anos
eu sinto o peso de um mundo distorcido em minhas costas.
E por que essa melancolia agora?
Era o que eu sonhava, ou pelo menos imaginava ao ver
aqueles filmes na tv, algo meio rock n' roll all night
and party every day, só que não parece mais tão
divertido quando perde a graça em seus clichês e
sonhos fabricados, onde quase nunca dá nada errado.
Me entorpeço, pra no dia seguinte só restar a dor de
cabeça e os olhos vermelhos.
Transar com pedaços de ilusões que nem sei como denominar,
e no dia seguinte a mesma lembrança da ex namorada que
deixei a muito tempo.
Qual um Cristo tenho me permitido os martírios, à espera
de uma ressurreição no terceiro dia, ou daqui à três anos.
Só preciso achar o caminho de volta, pois a estrada não
é mais segura, e talvez no fim das contas eu descubra,
que sou apenas eu, perseguindo à mim mesmo.