quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Na superfície.

Todas essas pessoas indo e voltando para o mesmo lugar,
olhando pro nada e achando tudo, como quem está implorando por qualquer coisa.
Aceitando qualquer trocado por um sorriso, uma migalha de alegria.
Comentando a novela, falando sobre carros novos, questionando o modo de vida.
Se perdendo no meio de tanta coisa mesmo sem nenhuma novidade.
Queria poder entender como é viver com tudo e sem ter nada.
Tenho pena e nojo, queria poder ajudar, mas quem sou eu para apontar erros?
Para elas é tudo tão simples, tão fácil e elas são tão fáceis que perdem toda a graça.
Por que se vender tão barato? o desespero de perceber um vazio?
Talvez a carência seja algo insuportável, o silêncio é apavorante, a solidão.
Bom eu não preciso encontrar, também não quero perder, tudo é uma questão
lógica, basta ter saco pra encarar uma realidade boba.
Mas elas preferem viver mascaradas... preferem usar fantasias...
Fico pensando se quando olham no espelho ainda são capazes de reconhecerem-se.
E será que eu tenho que me adaptar a esse sistema? será que devo aceitar?
Ser feito de idiota e me fazer de idiota só pra estar no seu convívio social?
Quando irão perceber que quanto menos esforço menor o reconhecimento?
As vezes acho que só existo de verdade quando estou sentado na minha sacada,
atrás da fumaça do cigarro, com o rosto escondido entre as garrafas.
O resto do mundo parece apenas uma doce ilusão que me permito acreditar,
na possibilidade de em algum lugar encontrar as coisas que imagino existir.

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