quinta-feira, 26 de maio de 2011

A casa dos meus sonhos.

Sentado na velha cadeira, repouso para uma estúpida reflexão.
Cada vez que abraço a solidão me sinto mais próximo de mim.
Começo a deixar de lado os sentidos, e me entorpeço com meias-verdades.
Breves momentos de fuga sem direção, mas querendo chegar à algum lugar.
Procuro limpar a mente ao mesmo tempo que poluo os pulmões.
O relógio tenta me enganar, mas sei que tudo está parado.
E não adianta tentar me convencer que tudo está mudando comigo sentado aqui.
Acho que começo a descobrir como as coisas serão amanhã.
Não sou um vidente, mas entendo que tudo depende de hoje.
Meu travesseiro de pedra me fez perceber que as coisas estavam fora de lugar.
De alguma forma eu tinha que sair de mim para poder explicar.
Busquei um modo de acesso ao vento fechando os olhos.
Não há mais nada aqui, só uma peça longe de seu quebra-cabeça.
O espelho do banheiro reflete a visão mórbida do que muito já viu.
As marcas que naquele dia estavam manchando as paredes hoje são só lembranças.
Nada como algumas reformas nos lugares certos para dar um novo aspecto.
Não adianta fechar as portas, trancado no quarto não há para onde ir.
O armário é o refúgio dos espertos que escondem-se da própria inconsciência.
A janela é só uma ilusão de que se pode ver o que tem de fora.
É preciso realmente abrir as portas e sair do lado de dentro,
para possuir as coisas que se vê por ai, para dentro de sua casa.
Trazendo a sensação de que o mundo todo cabe aqui dentro.
"As ruas são campos que nunca morrem.
Liberte-me das rozões porque você prefere chorar, eu prefiro voar."¹

¹Jim Morrison (The Doors) - The Crystal Ship

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