quarta-feira, 27 de abril de 2011

Observar e Sentir.

Lá estava, como um cego que por algum motivo havia voltado a enchergar.
Sentindo algo estranhamente confortável, como uma sombra no deserto.
Mas sentindo o frio na barriga de estar andando em direção a um abismo.
Olhos no escuro, sentir o gosto da cor vermelha na boca...
Era quase um alívio saber que ainda estava vivo.
Na verdade estava cansado e com sede, estava correndo a tempos.
E o tempo estava correndo, como que fugindo e escapando.
Desperdiçando o brilho como estrelas em um universo escuro.
Algumas pessoa podem ver esse brilho nas sombras, poucas.
E nada guiando o caminho, estava perdido, sem rumo.
Tudo o que é fazia parte, do sofá ao barulho.
Nada parecia ter nexo, mas se encaixava quase que perfeitamente.
Ainda que fora de contexto, mas deveria acontecer e aconteceu.
Era quase invitável, uma atração, quase inevitável.
Só bastava acreditar, só bastava fechar os olhos para ver.
Sem saber se estava acordando ou indo dormir, não faz diferença.
O pássaro cantou na janela, não teve como evitar abrí-la.
Um canto comum, mas que tocou profundamente, não se sabe.
E até quando vai estar com a janela aberta, e o pássaro a cantar?
Pouco importa  já lançou seu canto suave vermelho.
Olhos e ouvidos atentos, observar e sentir.

Nenhum comentário:

Postar um comentário